quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Ilusão Humana

No final das contas o amor não passa de um desfarce para não sairmos de uma zona de conforto.
O "amor incondicional" é na verdade proprietarismo. Uma mãe diz que ama seu filho e o protege, afinal ele é fruto dela, criado por ela e por tanto a sensação de poder sobre ele.
O "amor platônico" é o simples exercício da ambição.
O "amor dos amantes" é na verdade interesse e conveniência. O desejo carnal por alguém que lhe é compatível em algum aspecto e lhe serve de alguma forma. Embora seja este o "amor" mais acusado de "amor eterno" nunca tivemos um exemplo de tal.

"... e que seja eterno enquanto dure." A forma mais poética de se aproximar da verdade e dizer "é passageiro"

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Existir, estar... viver

Enquanto formos invisíveis também não enxergaremos a nós mesmos no passado, presente e futuro.
Enquanto não fizermos nada e nem estivermos em lugar algum, nada teremos pra lembrar.

O que faz o seu dia a dia não é sua rotina, são os momentos que respiramos e sentimos. O viver não acontece enquanto não encontramos o seu sentido. Sentido que só existe quando passamos por experiências boas e ruins, quando nos oferecemos a cada sensação. Alegria, dor, saudade, raiva, medo, paixão...

Sinceramente, acho que só encontramos a nós mesmos vivendo quando aprendemos a nos despedir, aceitar um carinho, dar um abraço, realizar um sonho pequeno ou grande, nos decepcionar, errar, dar um soco, fazer uma loucura, beijar por impulso, adoecer e melhorar, levar um susto...

E não é simplesmente por já ter encontrado o sentido de sua vida que ela deve terminar. Não é à toa que pequenos gestos, coincidências ou lembranças podem salvar sua vida. Não estou dizendo que já encontrei o sentido da minha vida, mas estou dizendo que não vale a pena esperar e esperar.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Um Sussurro

Depois de todo aquele silêncio, depois até mesmo não conseguir enxergar esperança... no cair da noite, tudo escuro... Eu ouvi um sussurro de um carinho. Um carinho que a natureza não vai deixar morrer!

Talvez isso seja o amor. Tão enigmático, impalpável. Tão esperado.

Amada. Mulher. Mãe.

É realmente bom, mas me enfraqueceu. Me tirou o chão, parece que vou cair pra sempre. Sim, é um alívio, mas fiquei no desespero da decepção consigo e da ansiedade do amanhã!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Definhando na Realidade

Depois de muito ouvir os gritos daquela que se decepcionou comigo sou obrigado procurar emprego. A droga da televisão quebrou, a internet não funciona! Tem um monte de louça acumulada, as contas não param de aparecer, o cachorro está doente... Mas que inferno!

Quando é que eu vou recuperar aquele sobretudo que mandei ajustar? Já faz um ano! Quando é que vou sentir aquele beijo apaixonado? Onde estão aqueles comentários felizes sobre os dias que gastei minha felicidade e meu dinheiro?

Onde eu coloco toda essa tralha criativa que ninguém quis comprar, ler, assistir...? Por algum motivo me vem orgulho à mente quando olho para os meus feitos, mas ainda sou o único que os nota! Precisando respirar por mais um tempo me livro do meu único bem, por impulso!
Na minha história toda eu só vejo covardia e ilusões. Não muito diferente começo a arquitetar o fim de tudo como se assim alcançasse a resposta para os meus problemas. "E que tudo comece novamente!" é o que clamo no silêncio, como se alguém ouvisse. Afinal a existência de alguém não passa de uma possibilidade na qual me apoio para não enlouquecer. E por mais que eu negue, admiro a irmã que enlouqueceu e se libertou da forma que eu ainda não consigo!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Meus Óculos de Sol

Domingo à tarde.
Um pequeno brechó de esquina.
A luz do sol atravessava a janela. Refletiu no meu olho ao bater nas lentes escuras de um par de óculos que estava num canto da prateleira de pequenos objetos.
Lentes redondas tamanho médio, armação dourada. Estilo retro. Quem o tivesse saberia que ele não era um mero acessório.
Eu tive que comprá-lo.
Daí então eu me sentia uma pessoa com o melhor par de óculos escuros do mundo! Dirigia mais sorridente com aquele efeito de fim de tarde que as lentes davam à tudo que eu olhava.
Alguns adoraram, me falavam que era estiloso. Outros achavam um pouco extravagante e até audacioso... Mas independente do que as pessoas pensavam, eu me via no espelho e admirava meu novo estilo!
Completo, era assim que eu me via quando estava com eles.

Um tempo depois, Estava num projeto de filmagem e lá fiz uma amizade incrível com uma menina. Quando ela viu os óculos ela elogiou. E isso marcou pra mim.
Quando o projeto chegou ao fim, na festa de despedida, eu sabia que não veria mais as pessoas envolvidas. Por mais que quiséssemos, eu estava convencido de que não adianta lutar contra a ordem natural das coisas.
Até que aquela amiga, ao se despedir, me fez ver que eu sentiria muitas saudades dela.
Chamei-a num canto e lhe entreguei meus óculos.
"Nos veremos de novo... Porque quero isso de volta"
Mesmo sem ele no rosto ainda me sinto completo com a lembrança da sensação dos finais de tarde em que dirigia com eles.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Página

Ontem foi o dia que voltei pra casa caminhando em minha própria pele...
Como é difícil seguir em frente.
Há momentos que nos deparamos com algo que acreditávamos estar enterrado no passado. Dói muito quando isso acontece.
Uma dor que a muito tempo não sentia voltou, mas agora me pergunto se ela realmente voltou ou se ela nunca havia me deixado. Talvez eu apenas tivesse me acostumado com ela até que latejou com mais intensidade.
Fui muito tolo ao acreditar no começo de algo bom... assim tão facilmente.
Minha empolgação, meu sorriso e a ilusão na qual acreditei foram minhas maiores quedas. Como pude cair na mais velha das armadilhas? Como pude me permitir ser encurralado pelas mesmas sombras que encaram-me daquela forma?
Nos momentos que nos descuidamos e baixamos a guarda é que revivemos tristezas do passado.
Ler sua história pode ser muito doloroso. Há aquela página da sua vida que é tão pesada que não conseguimos virar. Talvez eu não saiba como, talvez eu não possa ou talvez eu apenas não queira virá-la ainda.
Ninguém nunca virá a me responder as perguntas que não calam em minha mente.
A convenção diz que nós mesmos encontraremos as respostas. Mas justamente por ser uma convenção eu tenho medo de me entregar e acreditar.
Se merecemos coisas diferentes, se passamos por coisas diferentes e se somos seres diferentes como é que pode haver uma convenção que nos diga igualmente as respostas?

Quando finalmente cheguei em casa apaguei todas as luzes e sentei no chão. Acompanhado por uma garrafa de vinho. As únicas coisas que emitiam som eram minha respiração soluçante os goles de vinho e o tocar da garrafa no chão a cada vez que eu a repousava, mas eu ouvia mais que isso.
Eu ouvia um eco dos meus soluços, ouvia minhas súplicas indignadas, ouvia meus questionamentos mais antigos... Novamente leio a mesma página da minha história.
Como serão os outros capítulos? Serão como este? Piores? Anseio tanto conhecer a "parte boa" ao mesmo temendo inexistir tal parte dessa história.
A única diferença latente que percebo ao reler essa página é que tudo acontece mais rápido, choro mais rápido, sinto mais rápido, assim como levanto mais rápido.

O restante do vinho deixei na garrafa mesmo, ali no chão, não sei quanto tempo demorarei a retornar a esse cenário, e vou precisar daquela garrafa. Saio de casa andando pelas mesmas ruas, sob a mesma lua, dando os mesmo passos...

Ontem foi o dia que voltei pra casa caminhando em minha própria pele...
Como é difícil seguir em frente.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Sonâmbulo

A fúria percorria cada um de meus capilares sangüíneos. Por minha própria causa, por cada segundo que passei protelando. Sentia calor e adormecia do meu pesadelo de estar acordado e ter que agüentar o peso da realidade.
No dia seguinte após ter acovardado-me em meu quarto, começo a enxergar a luz que atravessa a janela, agredindo meu espaço.
Claro, nenhum momento de sono fica impune.
Logo, ao me levantar, outros vêm ao meu encontro, me abordando como a mão pútrida da morte descansado sobre meu ombro dolorido, me assustando com gritos surdos.
É difícil encarar o rosto, mesmo que sorridente, de uma mãe que tenta decifrar os olhos de um filho de costas.
Eu machuquei muita gente sem perceber. E só de pensar que meu maior medo é a decepcionar os que amo, fico surpreso com o que fiz. Por isso não me viro para a porta e me curvo ao chão.
Como explicar o descontentamento grave que causo a cada suspiro inconsciente?
Agora reflito sentado no claro, inócuo. O céu, despreocupado, pinta o fundo da minha cena que mais parece um quadro imóvel.
E só de pensar que tenho tanta gente pra ver e com quem falar... sinto a canseira do passado, memórias e delírios voltando às minhas pálpebras acomodadas com a falta de razão.